quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

The "hour lunch"



A "hora do almoço" ou também a hora de tempo livre é sempre a que se dá uma escapuladinha. E pra se escapulir, a gente fala de coisas leves, coisas que amaciam ainda mais o prazer da comida.
Amar é difícil, mas especular sobre amor é facinho, facinho - isso porque não tem uma conclusão que se entre em consenso (daí quem tiver oportunidade de enrolar barato, que o faça; mas é uma pena tirar o mérito daquele que, de fato, quer falar). Coloco-me sob a desculpa de que ainda tenho muito trabalho pela frente, e admito te lançar um texto romântico feito somente para a hora do lanche. Ou despreze, ou tenha algum tom de seriedade - a hora do almoço nem sempre te proporcia textos humorísticos, uma vez que você já fizera várias reflexões acerca do teu trabalho/aula ou do puto do(a) teu chefe/professor(a) que te dá tão pouco tempo, que você sequer consegue uma boa digestão. Boa tarde e bom croassaint, e fiquem com Jeová e o texto sobre amor...

Eis aí a prova de que o amor é altruísta: se considerares ele pertencente à Terra, mas também metafísico. Espero dar uma explicação simplista, basta que te encaixes no eu-lírico (bem) subjetivo desta conversa, certo?
Acontece que, quando fazemos algo que achamos que somos destinados a isso(me refiro ao talento em alguma arte, ainda que algo concreto ou não tão concreto assim como a "arte de se casar") fazemos com tanto fervor, tanto prazer que julgamos de "fazer com amor" esse ato de servir à humanidade de alguma forma. Enquanto ainda carnais, o "ato de fazer com amor" é conjugado em voz ativa e passiva simultaneamente, logo, pelo uso da voz passiva, fica sabido que praticar o verbo tem certos interesses pessoais, uma vez que provocará satisfação do sujeito em receber a ação de volta.
Porém, toda a cerne da idéia da "satisfação na ação exercida com o amor" é dissolvida quando se ultrapassa do limiar orgânico. Chega à morte, sem meias palavras. A "satisfação" se dissipará junto com a consciência dentro do teu corpo, mas suas moléculas de DNA se dispersarão junto com sua energia vital e, se tiveres dado amor à alguma arte de alguma coisa, se tiveres feito com tanto fervor, partirá da tua própria energia vital um amor que se enclausura em algo substancial que destes tanto valor aqui na Terra. Este amor que é só dado e traz tua consciência - se manifestando de outra forma - e tua lembrança aqui de volta à Terra (sem que te provoque de volta boas sensações carnais e humanas, devido a seu atual estado), e se concordares de que, porque o amor resolveu trocar de forma - e ainda continuar essencialmente - e porque troca de forma, não tem a necessidade de querer tanto pra si - pois estará sempre em constante mutação - hás de concordar que isto é uma prova concreta de que o amor, se de verdade, é altruísta.

2 comentários:

Renato Neves disse...

conheci um cara que diz que nada no mundo é altruísta, justamente pelo fato de o que quer que se faça há uma satisfação em fazer.

mas o ponto de vista que tu mostra é interessante... uma vez idos, como sentiremos amor? mas ele permanece naquilo que amamos pré-morte.

só que assim sendo, esse amor passado, para ser altruísta, não pode ser a um ser humano, pois a ele daria a satisfação de passar o amor do póstumo adiante. então fica, sim, amor na arte, no imaterialismo do material, ou no imaterial em si, mas apenas lá.

e só mais um último detalhe: assim sendo, o altruísmo não é algo que sempre existiu. é sim o resultado de uma transformação: uma ação não-altruísta que então se transforma em oposto, como um filho rebelde aos pais. todo altruísmo nasce, logo, daquilo que não é.

obrigado pelo texto!

Renato Neves disse...

ps: entender uma crônica como a tua só me ocorre na madrugada. na verdade não tenho certeza se minha atividade estaria de acordo com o tardar da noite em um outro horário, pois nunca cheguei a testar. mas sei que tenho tal intervalo noturno como meu ótimo enzimático, mas sendo aqui um ótimo criativo-compreensivístico, pouco importando o pH ambiente e talvez a temperatura, relevantes apenas, pelo que acho, o tempo negro e a solitude.
perdoe-me por não lê-la durante o lanche!